[...] o exercício de pensar o tempo, de pensar a técnica, de pensar o conhecimento enquanto se conhece, de pensar o quê das coisas, o para quê, o como, o em favor de quê, de quem, o contra quê, o contra quem são exigências fundamentais de uma educação democrática à altura dos desafios do nosso tempo. (PAULO FREIRE)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Nativos digitais

Pesquisa no Reino Unido sugere que jovens que usam novas tecnologias têm mais facilidade de escrever do que aqueles que não têm acesso ao computador. Números vão contra a mentalidade usual de reprimir o modo como se escreve na rede.
Por: Thiago Camelo
Publicado em 15/12/2009 | Atualizado em 17/12/2009
Nativos digitais
Uma das redes sociais mais famosas da internet, o Twitter impõe ao usuário o espaço máximo de 140 caracteres para cada publicação. Como a nova relação com a escrita muda o aluno em sala de aula?
Seria chover no molhado anunciar que o computador, a internet, as novas tecnologias e a revolução digital que vivenciamos mudaram a relação que temos com a informação. Seria igualmente repetitivo afirmar que, junto com esse novo paradigma, o ensino em sala de aula deve ser repensado. Como lidar com um Google, por exemplo? Confiar ou não confiar na Wikipedia? Enfim, como se comportar diante desse novo cenário?
São perguntas ainda sem respostas, mas que alguns estudos já se propõem a discutir. Recentemente, a National Literacy Trust – instituição do Reino Unido que promove a alfabetização – fez uma pesquisa que tenta descobrir o impacto das novas tecnologias na escrita de jovens de oito a 16 anos.
Três mil e uma pessoas foram entrevistadas na Inglaterra e na Escócia e deram pistas da relação que elas têm com a escrita e o computador. Alguns números da pesquisa:
  • 24% têm seu próprio blogue.
  • 82% enviam mensagens de textos via celular pelo menos uma vez por mês.
  • 73% conversam em programas de bate-papo com amigos.
O dado novo – e surpreendente – é que 61% dos usuários de blogue julgaram que escrevem "bem" ou "muito bem", a mesma resposta dada por 56% dos que possuem perfil em redes sociais.
Crianças e adolescentes que usam as novas ferramentas da internet têm mais confiança na escrita
Segundo a pesquisa, as crianças e adolescentes que usam as novas ferramentas da internet têm mais confiança na escrita do que aqueles que nunca participaram da rede. "Quanto mais formas de comunicação os jovens usarem, mais forte será as habilidades de escrita deles", disse,  em entrevista ao site da BBC News, o diretor da National Literacy Trust, Jonathan Douglas.
 Esse tipo de afirmação não é usual. Muitos professores e muita gente na internet costumam combater os 'vc',  'q', 'pq', como se a rede fosse culpada por uma informalidade generalizada da linguagem. Douglas defende que o jovem precisa aprender a distinguir as diferentes formas de escrever. Mas isso, segundo ele, entende-se, por exemplo, ao mandar uma carta para um amigo ou para uma pessoa importante. A forma do texto muda naturalmente.

Imigrantes digitais

Acontece que a maioria dos professores ainda é 'imigrante digital', termo criado para designar aqueles que não nasceram em meio às novas tecnologias. Esses jovens, ao contrário, seriam os 'nativos digitais', meninos e meninas que lidam desde muito novos com a internet e com dispositivos tecnológicos.
A constatação de Douglas: isso produz um choque geracional, pois muitas vezes o computador é uma ferramenta que um jovem domina melhor que um adulto.

Realidade nacional

Claro, não podemos simplesmente transpor os dados da National Literacy Trust para a realidade brasileira. O país ainda tem de pavimentar um longo caminho de inclusão digital. Mas, mesmo por aqui, há quem se interesse pelo tema.
Grupos como o da professora Carla Coscarelli, da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Com artigos e livros sobre a mistura da educação com o computador, a professora busca entender os desafios do ambiente digital e o novo tipo de alfabetização que se impõe na internet.
Em um de seus artigos [PDF], ela pergunta:
A informática está presente nas escola, mas estamos preparados para usá-la como recurso de ensino/aprendizagem? O que muda em relação à leitura e à produção de textos com o uso da informática?
A pesquisa da National Literacy Trust e o próprio trabalho de Carla Coscarelli são uma tentativa de começar a responder essa inevitável questão.
E você, professor, como lida com as novas tecnologias em sala de aula?


Endereço do texto e seu respectivo autor:
http://cienciahoje.uol.com.br/alo-professor/intervalo/nativos-digitais
Thiago Camelo
Ciência Hoje On-line

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